Só no primeiro trimestre desse ano, mais de 170 mil pessoas já morreram por causa de problemas como ataque cardíaco e derrame, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Os especialistas afirmam que 80% das ocorrências poderiam ter sido evitadas com medidas simples de hábitos saudáveis. Por aí, já dá para perceber que os cuidados com a saúde do coração merecem destaque na rotina de todo mundo.

Como saber que a saúde do coração está em risco?

O Ministério da Saúde define a doença cardíaca como qualquer afecção que dificulte ou impeça a boa circulação sanguínea. Pode ser classificada como doença arterial coronariana (engloba o enfarte ou infarto), alterações nos batimentos cardíacos (arritmias), parada cardíaca, doenças das válvulas cardíacas, doenças cardíacas congênitas, cardiomiopatias, pericardite, disfunções da aorta (Síndrome de Marfan) e doenças vasculares.

Colesterol alto e o sedentarismo são fatores de risco para a saúde do coração, mas a principal vilã é a hipertensão, que, quando não controlada, sobrecarrega o músculo cardíaco, provocando lesões.As pessoas com mais chances de sofrer com algum problema dessa natureza são aquelas que têm antecedentes familiares, estão acima do peso ideal, fumam ou possuem outras doenças associadas, como diabetes, hipertensão e aterosclerose.

Alguns sintomas clássicos podem indicar que algo não vai bem com o coração: tontura ou desmaio frequente; palpitações; dores prolongadas no peito; falta de fôlego ao realizar pequenos esforços; dores nas pernas, mesmo depois de parar de se exercitar.

Como cuidar bem do coração

A adoção de alguns hábitos pode contribuir para prevenir o surgimento de doenças cardíacas. Aqui, listamos as principais medidas para você incluir no dia a dia.

Controle do colesterol

O colesterol é uma substância semelhante à gordura, que é produzida no corpo e obtida a partir dos alimentos – em especial aqueles de origem animal como gema de ovo, carne, aves, peixes e produtos lácteos. Ainda que tenha funções benéficas, como construir membranas celulares e produzir certos hormônios, o seu excesso aumenta o risco de doenças cardíacas.

Existem vários tipos de colesterol. Os principais são o LDL, que pode se depositar nas artérias e provocar o seu entupimento, e o HDL, que retira o excesso de colesterol das artérias, impedindo o seu depósito e diminuindo a formação da placa de gordura. Por aí, já dá para perceber porque o LDL tem fama de “colesterol ruim” e o HDL, de “colesterol bom”.

Seguir uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente podem contribuir para manter níveis adequados dos dois tipos. Mas em alguns casos, como na hipercolesterolemia familiar, o uso de medicamento é indispensável.

Prevenção e controle do diabetes

O descontrole nos níveis de açúcar no sangue, junto com a incapacidade do corpo de produzir e usar insulina, geram um estado de inflamação que favorece o surgimento de placas de gordura, aumento do colesterol ruim e outras substâncias nas paredes das artérias.

Resultado? O fluxo sanguíneo é dificultado. Existe ainda outro fator que faz com o diabetes “atraia” doenças cardiovasculares. Além de levar açúcar do sangue para as células, a insulina também é responsável por dilatar as artérias. Quando é produzida em quantidade insuficiente pelo organismo (como no diabetes), esse relaxamento não acontece de forma apropriada e há aumento da pressão nos vasos.

Ainda que não tenha cura, o diabetes pode ser controlado com tratamentos que envolvem desde adoção de hábitos de vida mais saudáveis até uso de medicamentos que auxiliam no controle do açúcar no sangue.

Prevenção e controle da hipertensão

A pressão arterial é a força que o sangue faz contra as paredes dos vasos. Em geral, é considerada alta quando está maior do que 140 por 90 mmHg (ou 14 por 90) e normal quando está 120 x 80 mmHg (ou 12 por 8). Mas esses valores não são uma regra e dependem muito do histórico de saúde de cada pessoa. Como a hipertensão não tem sintomas específicos, é importante conferir esses valores regularmente, sempre buscando os níveis de normalidade para o seu caso.

Lembrando que a pressão persistentemente alta e por longo tempo é um dos principais fatores de risco não só para doenças cardiovasculares, mas também para acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, perda de visão e insuficiência dos rins. Então, é assunto sério! Também nesse caso, o tratamento pode envolver desde mudança no estilo de vida (como praticar exercícios e comer menos sal, por exemplo) até o uso de medicamentos. E isso vale também para prevenir a hipertensão.

Fim do tabagismo

Fumar traz uma série de malefícios para o corpo, mas, focando apenas na saúde do coração, as substâncias do cigarro danificam as células do sangue, afetando a estrutura e a função dos vasos sanguíneos. Com isso, as portas para o acúmulo de placas estão abertas e a história se repete: as placas endurecem, estreitam os vasos e impedem o fluxo normal de sangue. Além disso, fumar aumenta a pressão arterial, diminui a tolerância ao exercício, aumenta a tendência para a formação de coágulos de sangue e diminui o colesterol bom.

A boa notícia (sim, ela existe!) é que, quando você para de fumar, os benefícios começam quase imediatamente. Alguns anos depois, os riscos de ter problemas do coração serão semelhantes aos de uma pessoa não fumante.

Vamos largar esse vício hoje mesmo? Ah, e um alerta especial para as mulheres! Fumar e usar anticoncepcionais (orais ou injetáveis) aumentam muito o risco de doença cardíaca e de acidente vascular cerebral.

Controle na ingestão de álcool

Chamamos a atenção para a palavra “controle”. Sim, porque o consumo moderado de álcool pode beneficiar o coração. Um artigo publicado na revista científica British Medical Journal diz que a ingestão diária do equivalente a 5g de álcool (para ter ideia, um copo de 120ml de vinho tem 11g de álcool) protege os vasos sanguíneos da oxidação, e isso diminui a chance de a gordura se acumular nos vasos. Mais do que isso é problema!

O consumo de grande quantidade, até mesmo em um curto tempo, pode trazer complicações difíceis de reverter. Boa parte disso acontece porque o álcool danifica as células musculares cardíacas e favorece o fechamento das artérias, podendo causar infarto ou morte súbita. Além disso, dependendo da quantidade e da frequência com que a pessoa bebe, podem acontecer arritmias – alterações no ritmo dos batimentos cardíacos. Caso isso aconteça de forma exacerbada, o coração pode parar. O cuidado com bebida alcoólica é sempre bem-vindo, especialmente para quem já recebeu diagnóstico de doença cardiovascular ou tem herança familiar de problemas assim.

Manutenção de um peso saudável

Quando o corpo acumula muita gordura, especialmente na região abdominal, passa a trabalhar em constante estado de inflamação, e isso aumenta (e muito!) a chance de desenvolver uma série de problemas de saúde, especialmente doenças crônicas. É por isso que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a medida da circunferência abdominal permite prever o risco de a pessoa sofrer com doenças cardiovasculares.

As recomendações atuais são as de que a circunferência abdominal não ultrapasse 102cm nos homens e 88cm nas mulheres. Lembrando que a circunferência do abdômen é aquela feita com a fita métrica em cima do umbigo, e não na parte mais fina do tronco (onde fica a cintura).

Boa saúde emocional

Cultivar sentimentos ruins, como a ansiedade, faz mal para o coração tanto na questão emocional quanto no aspecto orgânico. Vamos explicar! Em situação de tensão constante, o corpo promove o aumento do cortisol e da adrenalina (hormônios do estresse), elevando a glicose no sangue. Os resultados são: aceleração dos batimentos cardíacos, intensificação da respiração e aumento na contração dos músculos, inclusive o cardíaco. Com isso, problemas como hipertensão, arritmias cardíacas e infarto agudo do miocárdio ganham plenas condições de se instalar.

E outro alerta especial para a saúde feminina! O coração das mulheres é mais afetado por estresse e depressão do que o coração dos homens.

Prática regular de exercícios físicos

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, praticar atividade física três ou mais horas por semana reduz pela metade o risco de doenças cardíacas. Isso porque, os exercícios ajudam a manter a pressão arterial controlada, aumentam os níveis do bom colesterol e aumentam o condicionamento cardiorrespiratório.

E só para reforçar o quanto é importante manter o corpo em movimento, os exercícios ainda previnem o desenvolvimento do diabetes, reduzem o risco de demência, melhoram a memória, evitam a perda de músculos que ocorre com o envelhecimento, ajudam a controlar o peso e levam o humor lá para cima. Não só o seu coração, mas o corpo todo vai agradecer você por isso!

Manutenção de uma dieta saudável

A recomendação do Ministério da Saúde é basear a alimentação em produtos in natura e evitar os alimentos processados e ultraprocessados. E isso vale para todo mundo, considerando a manutenção da saúde em todos os sentidos, não só no aspecto cardiovascular. Ainda assim, aí vão alimentos que são, comprovadamente, bons para o coração e que valem a pena aparecer nas suas refeições: azeite de oliva extravirgem, frutas ricas em antioxidantes (como acerola, laranja, uvas, mirtilo, maçã), nozes e castanhas, vegetais verde-escuros (como brócolis, couve, rúcula), proteínas de origem vegetal (como feijões, lentilha, grão-de-bico).

Reforçando: alimentos ultraprocessados são ricos em gorduras, açúcares e sódio, favorecendo não só o desenvolvimento de doenças do coração, mas também diabetes e vários tipos de câncer, além de contribuir para o aumento de peso. Então, evite mesmo!

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