O Transtorno do Espectro Autista (TEA), ou autismo, como é popularmente conhecido, vem sendo estudado há cerca de 80 anos, tendo sido inicialmente descrito por Leo Kanner, em 1943, após acompanhar o caso de onze crianças que apresentavam características incomuns para a idade. Mesmo depois de todo esse tempo, pouco se discute abertamente sobre como identificar o autismo.

Por essa razão, a falta de discussão sobre o assunto é uma das preocupações dos especialistas, pois essa leva à desinformação e ao preconceito.

Fatores como esses são os principais vilões quando os responsáveis se deparam com a possibilidade de que a criança pertença ao grupo do espectro autista.

Superar o preconceito e a desinformação permite aos responsáveis identificar sinais bem estabelecidos.

É através da observação desses sinais que o diagnóstico precoce e a intervenção especializada são possíveis e, com isso, a criança pertencente ao espectro autista pode vir a ter uma melhora significativa no seu desenvolvimento e na sua qualidade de vida.

Segundo a Revista Residência RP Pediátrica, outros transtornos como Déficit de Atenção/Hiperatividade [TDAH], Transtorno de Ansiedade, Depressão e Transtorno Bipolar  associados ao TEA chegam a até 79%, índice mais alto que na população geral.

Contudo, segundo as Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), temos disponível para uso livre, devidamente traduzido e adaptado à realidade brasileira, o Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-Chat).

O instrumento composto por 23 itens, com respostas de sim ou não, pode ser aplicado por qualquer profissional de saúde aos responsáveis por crianças entre 18 e 24 meses, como forma de rastreio inicial dos sinais precoces.

Não, você não leu errado, o diagnóstico precoce pode ser feito em crianças de até 2 anos de idade e, sem dúvidas, o tempo é um aliado importante para o desenvolvimento delas.
 

Como identificar o autismo

Toda criança que nasce traz consigo uma personalidade única, algo com o que os pais terão de se adaptar e acolher para conseguir dar conta da tarefa de cuidar dessa criança em seu desenvolvimento pleno.

É sabido por quase todos que nunca haverá uma pessoa que seja completamente igual à outra e isso não é diferente com as crianças.

Não seria óbvio, portanto, que, tal qual vemos ocorrer com as crianças neurotípicas, deveríamos esperar das crianças pertencentes ao espectro autista que elas tragam consigo personalidades únicas, dadas as suas neurodivergências?

A resposta é sim! Ainda que com diferenças marcantes e uma necessidade de cuidado maior, é possível que os pais se adaptem às necessidades dessas personalidades individuais, muitas vezes lidas como “fortes” ou “difíceis”.

Não é o diagnóstico que torna a tarefa de cuidar de uma criança difícil, o próprio cuidar de uma criança sempre será um desafio único.

Não podemos negar que o desenvolvimento infantil seja um desafio potencializado quando nos deparamos com crianças que estão dentro do espectro autista, mas esses desafios não são necessariamente negativos, opinião decorrente do preconceito propagado popularmente pela desinformação acerca do tema.

Além disso, nosso programa preventivo de Cuidado da Família existe justamente para que você, beneficiário Care Plus, não sinta que está só nesse processo.

Contudo, como saber de fato quando um comportamento infantil está fora do esperado e entendido como “normal”? Bom, para isso é necessário entendermos a Tríade do Autismo proposta por Lorna Wing e Judith Gould em 1979.

Conheça a “Tríade do Autismo”

Após levantamento epidemiológico, fica claro a informação de que a tríade é composta por:

Comunicação

A fala é um indicador muito importante na identificação da criança pertencente ao espectro autista, a ausência dela, principalmente, é um dos principais sinais a serem observados nas crianças.

Um terço das pessoas que fazem parte do TEA não falam mais do que algumas poucas palavras.

A criança, seja ela autista ou não, encontra uma grande dificuldade em comunicar ao adulto responsável quais são as suas necessidades. Para a criança autista, essa dificuldade é ainda maior e, muitas vezes, é convertida em choros e gritos que, comumente, são confundidos com “malcriação” ou “birra”.           

É comum que as pessoas pertencentes ao TEA tenham bastante dificuldade em engajar uma conversa expressando ideias e desejos de modo claro para os neurotípicos.

Muitas vezes se comunicam por meio de palavras aprendidas para expressar ideias muito mais complexas. Exemplo: ao dizer “água”, talvez esteja expressando a vontade de tomar um banho e não sede, como o senso comum esperaria.

Contudo, é importante sinalizar que, apesar de anteriormente o atraso no desenvolvimento da fala da criança ter sido um fator levado em consideração no diagnóstico, desde 2013, com a atualização do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), esse fator isolado não permite o fechamento do diagnóstico, existindo, portanto, enquanto uma comorbidade.

Interação social

É comum que o responsável pela criança com suspeita de TEA se frustre nas tentativas de interação com ela.

Porém, é importante para o responsável entender que, dentre as muitas diferenças que a criança autista tem em comparação com a criança que não faz parte do espectro, a dificuldade de fazer contato visual e interagir socialmente com outras pessoas é uma dessas principais características, podendo ser gerada por questões sensoriais, dificuldades para usar formas de comunicação e de perceber sentimentos, gestos e expressões faciais.           

A resposta ao afeto, a aparente falta de atenção e interesse em terceiros, por vezes, a impressão de que aquela criança é incapaz de ser empática para com os demais, tudo isso está atrelado ao que o responsável deve estar atento para auxiliar a criança para que esta seja diagnosticada precocemente e receba os devidos cuidados.

Pensamento e comportamento

Esse ponto de composição da tríade é, talvez, o mais emblemático de todos, pois permeia o senso comum na hora que perguntamos o que se entende por uma pessoa do espectro autista. Os comportamentos repetitivos e a compulsividade.

Alguns dos comportamentos mais notórios são as compulsões com organização, a repetição de palavras fora de contexto (ecolalia), os comportamentos repetitivos (estereotipias) e o desconforto com a mudança da rotina e com barulhos.

Já sou capaz de identificar os sinais, mas e agora?

O primeiro passo é procurar por locais que tenham evidências científicas como base das suas informações.

O próximo passo a ser dado é buscar ajuda profissional, para isso, conte conosco! Conheça mais de perto os nossos planos de assistência em saúde e o Programa Cuidada da Família.
 

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